segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Rei Morto, Rei Posto




Manuel Maria Filipe Carlos Amélio Luís Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Eugénio de Saxe-Coburgo-Gota e Bragança foi o 36º e último Rei de Portugal.

D. Manuel II nasceu no Palácio de Belém, em Lisboa, cerca de dois meses depois da subida de seu pai ao trono de Portugal. Baptizado alguns dias depois, no mesmo Paço de Belém, teve por padrinho avô materno, o Conde de Paris, tendo participado na cerimónia o imperador do Brasil, D. Pedro II, deposto do seu trono exactamente no mesmo dia do seu nascimento. D. Manuel recebeu à nascença os títulos reais de Infante de Portugal e de Duque de Beja.


Teve o tratamento e a educação tradicionais dos filhos dos monarcas da sua época, embora sem preocupações políticas, dado ser o filho segundo do Rei e, como tal, não esperar um dia vir a ser rei.
Como tal, é de notar que durante a infância e juventude posava para os fotógrafos com uma atitude mais altiva que o irmão.
Este divertia-se com os tiques snobes do irmão mais novo, embora sempre tenham sido bons amigos.
Paradoxalmente, depois de subir inesperadamente ao trono, D. Manuel teve uma atitude oposta, afastando-se regularmente dos costumes protocolares: foi o primeiro Rei de Portugal a não dar a mão a beijar ao dignitários durante a cerimónia anual do Beija-mão Real, a 1 de Janeiro.




Aos seis anos já falava e escrevia em francês.
Estudou línguas, história e música.
Desde cedo se mostrou a sua inclinação pelos livros e pelo estudo, contrastando com o seu irmão, D. Luís Filipe, mais dado a actividades físicas.
Viajou em 1903 com a mãe, a Rainha Amélia de Orleães, e o irmão ao Egipto, no iate real Amélia, aprofundando assim os seus conhecimentos das civilizações antigas.
Em 1907 iniciou os seus estudos de preparação para ingresso na Escola Naval, preparando-se para seguir carreira na Marinha.

A sua futura carreira naval foi inesperadamente interrompida em 1 de Fevereiro de 1908, com o Regicídio de 1908.

O infante havia regressado a Lisboa (depois de ter estado alguns dias em Vila Viçosa, com toda a família) para se preparar para os exames da escola naval, tendo ido esperar os pais e o irmão ao Terreiro do Paço. Minutos depois deu-se o cruel atentado que vitimou o Rei e o Príncipe Real, sendo D. Manuel atingido no braço. Não se sabe se o alvo do atentado era o Rei D. Carlos ou o chefe do Governo de então, João Franco, que, após dissolver o Parlamento devido aos contínuos distúrbios provocados pelos republicanos e marcar novas eleições, ficou com a fama de ditador, que ainda hoje perdura.

O infante tornou-se assim Rei de Portugal. A sua primeira decisão consistiu em reunir o Conselho de Estado, a conselho do qual demitiu o Primeiro-Ministro João Franco, cuja política de força foi considerada responsável pela tragédia. Nomeou então um governo de acalmação partidária, presidido pelo Almirante Francisco Joaquim Ferreira do Amaral. Esta atitude acalmou momentaneamente os ânimos mas, em retrospectiva, acabou por enfraquecer a posição monárquica pois foi vista como fraqueza por parte dos republicanos.

Foi solenemente aclamado Rei na Assembleia de Cortes em 6 de Maio de 1908, perante os deputados da Nação, jurando cumprir a Carta Constitucional. D. Manuel manteve-se sempre fiel a este juramento mesmo quando, já no exílio, foi pressionado a apoiar outras formas de governo para uma possível restauração. O Rei auferiu, no início, uma simpatia generalizada devido à sua tenra idade (18 anos) e à forma trágica e sangrenta como alcançou o trono.









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