sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Era uma Casa muito engraçada...


Quase todos os dias ali passo.
E dói-me a alma só de a ver.
Até já disse, nem sei se por brincadeira, se a sério, que se me saísse o euromilhões a compraria e restauraria.

Deve ter sido imponente no ano da sua inauguração que, segundo demonstra o floreado que encima a porta principal, é de 1902. Tem cento e oito anos, portanto.

Como ela, haverá muitas mais por este país.

De quando em vez chegam-nos notícias de prédios devolutos, que por falta de cuidados ou preservação, caiem como castelos de cartas.

Um dia acontecerá o mesmo a esta.

Se tem proprietário? Claro que tem. Mas como são ricos, nem moram cá, estão-se simplesmente borrifando para um restauro.

Nem tão pouco estarão interessados em vender.

Mas pergunto: Quem a quer comprar?

É hoje um viveiro de pombos, que aos bandos, nela procuram refúgio, sabendo da paz e da tranquilidade ali reinante.
Imagino o que terá sido nos seus inícios, albergando uma família feliz, com crianças a descer e a subir aquelas escadas em louca correria.

O sol entrando-lhe pelas janelas desde o nascente ao poente.
Hoje é um prédio abandonado, ostracizado, devoluto.

Um dia cairá. Como tudo na vida, terá um fim.

E o fim de tudo é sempre triste, como a “vida” que ultimamente (não) tem tido.


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