Oh Meu País Guerreiro e Mareante,
Oh meu País de montes e trigais,
Descansa nos meus braços um instante
E diz-me por favor, aonde vais.
O teu corpo cansado está doente
O tempo p’ra viver não é demais
Pára de rir assim tão doidamente
E diz-me por favor aonde vais
Este poema, da autoria de uma poetisa minha conterrânea, traduz, agora e bem, o que se passa neste nosso pobre País.
Com a experiencia de vida adquirida, não seria para ela difícil prever o que poderia vir, e está, a acontecer.
A pergunta que então fazia tinha o seu quê de propósito. “Diz-me por favor aonde vais?”
Na casa onde viveu, com ela mantive diálogos, e ali se reuniram fadistas e guitarristas.
Serões inolvidáveis de cultura, amizade, fraternidade e de bom gosto.
O seu inigualável sorriso, a sua voz grave e arrastada, as palavras em poucas frases e pensadas.
Uma Senhora no trato.
Bem a recordo no seu passo compassado apoiada, nos seus últimos tempos, na sua bengala ou ainda sentada junto da camilha, tendo como pano de fundo a enorme estante recheada de antigos e valiosos livros.
Morava ali, naquela casa solarenga, apalaçada.
Foi, em tempos, grande o corrupio dos três filhos, depois dos dez netos e dos muitos amigos e restantes familiares que a visitavam com regularidade.
O tempo passava e o desfecho, inevitável, era quase previsível.
Em tempo de entrevista foi-lhe perguntado se não tinha medo da morte à qual replicou, com resignação e fé católica, que tinha mais medo do que pudesse advir após.
Ela era a trave da casa, o pólo aglutinador da família.
Um dia fechou os olhos e tudo se desmoronou.
Apenas ficou a casa… com muitas histórias para recordar.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
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Algumas vezes, também fiz parte deste corrupio que falas, com alguns dos 10 netos.
ResponderEliminarCurioso, como este poema de Maria Manuel Cid, faz tanto sentido, tantos anos depois de ter sido escrito...