quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Bailes de Carnaval, outros tempos...


Neste último dia de Carnaval invade-me uma certa nostalgia de um tempo passado e que já não volta.

Um tempo em que a vida se vivia devagar, tranquila, sem sobressaltos e que ainda tinha mais colorido nesta quadra festiva.

As colectividades não tinham capacidade para acolher durante os cinco dias de folia, de sábado a quarta-feira, as centenas, senão milhares de foliões, locais e forasteiros, que ali se deslocavam para os famosos bailes de Carnaval.

Os excelentes grupos musicais desse tempo eram disputados fazendo, por vezes, o périplo pelas variadas colectividades.

Os bailes de então tinham outro encanto.

As filas que se faziam à entrada da pista de dança, de rapazes ávidos de se lançarem nos braços de raparigas, quantas vezes já requisitadas anteriormente.

Em breves sinaléticas ou num piscar de olho pretendia-se escolher o melhor par.

Por vezes, ao toque subtil e severo da mãe que atrás se sentava, lá vinha a “tampa”.

A negativa nem sempre era bem recebida e o balcão do bar é que (a)pagava a tristeza.

E os grupos organizados de mascarados que irrompiam sala adentro, fazendo com que nos puséssemos a adivinhar quem seriam.

Bons tempos, esses da década de setenta e princípios de oitenta.

Tudo passa.

Escrevo esta crónica hoje, último dia de Carnaval, em que é tradição, num derradeiro baile, haver tempo ainda para a crítica social, mordaz, inquietante, no enterro do Galo, que noutros locais terá o nome de Bacalhau, ou mesmo, simplesmente, enterro do Entrudo.

É o que resta, a par do jogo do quartão, de um carnaval que em tempos deu brado, com corsos e os Reis Momos, vacadas, bailes de arromba, mas que o tempo, e as pessoas, foram delapidando.

Outros tempos, outras vontades.


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