terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Laranja Amarga e Doce


A história com que abro a minha porta de hoje já tem uns dias. Não muitos. Talvez uns quatro dias.
A Juliana (nome fictício), uma jovem com idade de ser minha filha, simpática e afável, a meio da tarde confidenciava-me:
“Estava mesmo a apetecer-me uma laranja”.

Como ela é funcionária no guichet de uma estação de serviço, estação, essa, inserida no complexo de uma grande superfície comercial, logo me apressei, pretendendo ser simpático como é meu apanágio, a solicitar a uma empregada de balcão do bar, pagando eu o que fosse necessário, se poderia descascar uma laranja, uma apenas que fosse.

Resposta imediata que NÃO. Nem sequer um:
“Deixe-me ver o que posso fazer”, ou, ao menos, um: “Vou perguntar ao patrão se pode ser…”

Aquele rotundo NÃO, fez com que eu, e lembrando-me de uma oferta generosa do Amigo Horácio de um saco cheio, viesse a casa buscar não uma, mas duas laranjas e, descascadas, lá as fui entregar à moçoila que, com um ar de espanto, replicou ao rever-me:
“Não me diga que….”
Nem a deixei acabar a frase.
De acto imediato, esticando-lhe o braço, passei-lhe o pequeno “tupperware” para a mão.

Ela, corada, pelo acto surpresa, mas feliz pela oferta, deu meia volta e levou, qual oferta de Natal, a embalagem para o guichet.

Afinal, parece que não custa nada dar, mesmo quando não nos pedem.


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