
Armando Soares Imaginário amou a sua, nossa, terra, o Ribatejo e as suas tradições. Também, como qualquer mortal, sofreu de amores. São três sonetos que vos trago, editados que foram em livro, de titulo "Chamas e Cinzas", pela Junta de Freguesia local, logo após a sua morte e reeditados muitos anos depois. Mas a sua vasta obra continua, infelizmente, guardada na gaveta. Ou por capricho de familiares (que me perdoem) ou por desprendimento da Edilidade, continuam sem ver a luz do dia. Digo-vos sinceramente, porque conheço a obra, que é uma pena.
(foto retirada da Revista "Chamusca Ilustrada", nº 9, Maio de 1978, pág.168)
Chamusca
Chamusca, meu jardim de fantasia,
Onde eu cultivo as flores da afeição.
cada recanto, lindo, é um talhão,
Que lentamente o Tejo acaricía.
Subindo ao Pranto, a sua casaria
É roupa branca, ao sol, por sobre o chão.
Bandos de aves, que em lucida visão,
Abrem asas no céu, que as delicía.
Chamusca, minha amada, meiga e terna,
Que doce, que amorosa, que materna,
Que simples, que suave, que tranquila.
Chamusca, eu amo-a tanto que quisera,
Até depois de morto, quem mo dera,
Na terra que me cubra inda senti-la.
Ribatejo
Oh terra de meus pais, oh terra amada minha
Oh terra do campino heroico e juvenil,
Em que o sol, num quente abraço, afaga e acarinha
Tornando-lhe a campina fértil e gentil.
Leziria onde domina o toiro, sempre hostil,
Do campo mais ridente à terra mais daninha,
Arena, onde uma luta enorme e varonil,
Do homem contra a fera,
Em tudo se adivinha.
Oh terra que eu adoro e exalto apaixonado
Encantador jardim, cantinho idolatrado
Por onde o Tejo corre, entorpecido e plano.
Oh terra meu amor, amor da minha vida.
Eu hei-de afirmar alto, em voz sentida,
Que todo o meu orgulho é ser Ribatejano.
Tu
Pensou bastante Deus para te formar,
Que pouco lhe sobrava na sua frente.
Foi... e tomou do sol a luz ardente
E a escuridão da noite, o teu olhar.
Pôs-te na boca pérolas do mar,
Perfumes sensuais do Oriente,
Colocou-te na voz o som dormente
Do Vento sussurrando num palmar.
Ao corpo, deu-te a vaga languidez,
Do tremor de um bambu em céu chinês,
A luz de um sol que em fogo esmoreceu.
Deu-te o amor, o ódio, a crueldade,
A dor , o sofrimento e a vaidade,
E no fim... deu-te um escravo, que sou eu.
Olá Moonlight, (esta fica só entre nós) LOL.
ResponderEliminarResolvi escrever alguma coisa. Gosto do te blogue e porque te conheço há quase 28 anos posso garantir a todos os que o lêem que é escrito com muito carinho, às vezes até altas horas da noite, quando estamos os dois na sala eu com os meus livros e tu com o teu blogue. Escreves histórias sobre a tua terra com uma alegria extenuante, ris, recordas pessoas, locais há muito esquecidos, revives amigos, e desenterras memórias. LIBERTAS ASSIM O TEU AMOR A ESTA TERRA, que apesar de não ser a minha acaba por ficar tatuada junto ao meu coração, CONTINUA...
Beijos