domingo, 27 de dezembro de 2009
Agora que estamos chegados ao final de mais um ano e esperançados no que se aproxima, deixo-vos, que eu considero ser, o poema dos poemas para o Homem que pensa num melhor Futuro. O "SE" de Rudyard Kiplig e tradução de Félix Bermudes
Se podes conservar o bom senso e a calma,
Num mundo a delirar, para quem o louco és tu.
Se podes crer em ti, com toda a força da alma,
Quando ninguém te crê. Se vais faminto e nu
Trilhando sem revolta um rumo solitário.
Se à torpe intolerância, se à negra incompreensão,
Tu podes responder subindo o teu calvário
Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão.
Se podes dizer bem de quem te calunia,
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor
Mas sem a afectação de um santo que oficia,
Nem pretensões de sábio a dar lições de amor.
Se podes esperar, sem fatigar, a esperança,
Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho,
Fazer do pensamento um arco de aliança
Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho.
Se podes encarar com indiferença igual
O triunfo e a derrota, eternos impostores!
Se podes ver o bem oculto em todo o mal
E resignar, sorrindo, ao amor dos teus amores.
Se podes resistir à raiva e à vergonha
De ver envenenar as frases que disseste,
E que um velhaco emprega, eivadas de peçonha,
Com falsas intenções que tu... jamais lhe deste!
Se podes ver por terra as obras que fizeste,
Vaiadas por mal sins, desorientando o povo,
E sem dizeres palavra e sem um termo agreste
Voltares ao princípio para construir de novo.
Se puderes obrigar o coração e os músculos
A renovar um esforço há muito vacilante,
Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos,
Só exista a vontade a comandar – Avante!
Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre,
Se vivendo entre os reis conservas a humildade
Se inimigo ou amigo, poderoso ou pobre,
São iguais para ti à luz da eternidade.
Se quem conta contigo encontra mais que a conta,
Se podes empregar os sessenta segundos
De cada minuto que passa em obra de tal monta
Que o minuto se espraia em séculos fecundos.
Então, oh ser sublime o mundo inteiro é teu!
Já dominaste os reis, os templos, os espaços,
Mas ainda para além um novo sol rompeu
Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos.
Pairando numa esfera acima deste plano
Sem recear jamais que os erros te retomem,
Quando já nada houver em ti que seja humano,
Alegra-te meu filho... Então… Serás um HOMEM!
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