terça-feira, 2 de março de 2010
Rosa, flor-mulher, a outra Senhora... do Pranto.
O dia adormece. A noite acorda.
E aquela linha ténue do horizonte traz algo de misterioso e de nostálgico.
O pirilampear das luzes da vila e das localidades vizinhas, no meio da penumbra, faz recordar barcos imóveis ao largo do vasto oceano.
Dali, do alto do monte, em que se avista essa imensidão, vêm-nos á memória momentos inolvidáveis de serenatas cantadas alta noite e ao luar.
Nos tempos de adolescência, era ali o nosso refúgio.
As noites quentes iluminadas pelo brilho argênteo, transmitiam a calma que se buscava para refrear o ímpeto natural da juventude.
E ali ficávamos, de olhar perdido, sentido a suave brisa nocturna a refrescar-nos as faces.
Quem lá ia outrora por prazer, quase que lá vai agora por obrigação.
E ontem lá voltei. O reencontro, inevitável, deu-se.
Pareceu-me aligeirada devido ao aproximar da hora de jantar. Mas ainda houve tempo para dois dedos de conversa.
Aliás, ali o tempo passa devagar. Há tempo para tudo.
Queixou-se das dores que os vão incomodando, a ela e ao marido, necessitando sessões de fisioterapia.
Mora ali mesmo ao lado da outra Senhora há 44 anos. Só, que, não é tão conhecida.
As duas moradias são de alva cor. Uma de barras azuis e a outra… nem por isso.
Diz que é uma pena a vizinha ter a porta sempre fechada porque, a casa, vale a pena ser (re) visitada.
Embora a sua vida tenha sido toda ela de trabalho, e de algum pranto, mantém o simpático sorriso.
Decerto que, quem visitar a Senhora do Pranto, naquele monte feito altar, a irá encontrar.
A Senhora do sorriso, a flor guarda do miradouro, a Rosa mulher.
Mas a porta da casa da vizinha está fechada. E é uma pena!
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