quinta-feira, 11 de março de 2010

AO MEU AMIGO JOAQUIM CARACOL


Hoje venho recordar um Amigo.



Mais um. Mas não é um qualquer.


Aliás, os amigos nunca são uns amigos quaisquer.



Os amigos são sempre amigos. E este era um amigo. Verdadeiro.


Começou por ser amigo do meu pai já que a idade dele era bem mais avançada que a minha.
Tinha mais, quase, trinta e dois anos que eu.



Mas a idade, na amizade, não faz a diferença quando se é amigo de verdade.



Habituei-me com ele a gostar de fado, de Amália, de toiros, de teatro.




Homem de cultura, de fino trato, simples, humilde, vivendo do que a terra dava e que ele acarinhava.



Nunca casou. Perdeu, jovem, o pai e a irmã. Viveu em função da sua mãe. Um dia viu-se só. Mas nunca esteve só.



Teve muitos amigos, verdadeiros.



Palmilhámos milhares de quilómetros a caminho de Espanha e pelas estradas de Portugal em busca de corridas de toiros, ora nas praças, ora via TV.


E muito falámos nessas viagens e nas noites de petisco, numa cozinha contígua ao seu logradouro.



Convivi com ele, estreitamente, cerca de trinta anos.



Partilhámos os lugares nas praças de toiros, à mesa, nas refeições, e no palco.



Prevendo o mal que lhe poderia acontecer, legou-me duas encadernações valiosíssimas.



Não têm preço. Mas têm o valor estimativo.



Ao visitar-me, ultimamente, levava-me uma panelinha de couves com feijões e umas azeitonas.
Era fundamento para, ali ficarmos à conversa até às tantas.



A sua maneira de dizer contagiava públicos e até lhe chamávamos o “Villaret da Chamusca”.
Foi um eterno apaixonado pela “Arte de Talma”.



Sempre me dizia: A vida é um grande palco onde todos representamos, uns melhor, outros pior.
A outra máxima dele era: Um Homem casado vive como um cão, mas morre como um homem. Um homem solteiro vive como um homem, mas morre como um cão.



O Joaquim Caracol Cardador, o meu Amigo e confidente Joaquim Caracol, faleceu sozinho, no lar de idosos da sua querida e estimada terra, muito doente, num dia de há onze anos e três dias.


Era uma segunda-feira, dia 8 de Março.


Hoje recordo-o com imensa saudade.



Obrigado por tudo querido Amigo!



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