domingo, 27 de novembro de 2011

A ANA PAULA FEZ LANÇAMENTO DA SUA "RUA DAS MAGNÓLIAS"

Teve lugar no sábado dia 26, no Cine-teatro da Misericórdia da Chamusca, o lançamento do livro "Rua das Magnólias" de Ana Paula Luz. Cerca de cento de vinte amigos reuniram-se em redor da Amiga Paula para, com ela,partilharem a sua enorme felicidade num dia de reencontros e de muitos afectos.
O editor, Joaquim José Garrido teve a amabilidade de me convidar para escrever o Prefácio e de fazer a apresentação do livro.
Aqui ficam o Prefácio e a minha apresentação do livro:




(Não terei a arte da escrita de um Camilo ou de um Eça, mas faço empenho e gosto em escrever o Prefácio de um livro de uma Amiga minha.
Perdoa-me Paula, pela pobreza das minhas palavras agradecendo-te, simultaneamente, a riqueza que nos legas com esta tão estupenda obra.
Bem Hajas.
Um Beijo.)

Prefácio
Passados que são mais de quarenta anos, sendo muitos deles de franco convívio, na sua grande maioria em idade estudantil, eis que a minha Amiga Paula, a Ana Paula Simões e Silva, a “Paula do Gaspar”, assim carinhosamente conhecida, nos presenteia com uma obra que eu considero de invulgar.
Não será muito usual que se descubra, passada que é a barreira do meio cento de idade, uma aptidão para a escrita, de um modo tão coerente, afável, ligeiro e atraente.
Bem sei que nunca é tarde para começar. Haverá, pois, que agradecer, também, às novas tecnologias.
A internet é, de hoje em dia, uma ferramenta que, por si só, desperta paixões, aproxima pessoas, desperta mentes e sensibilidades.
E não fora este abrir de horizontes e, possivelmente, nunca teríamos o gosto e o privilégio de podermos ter, entre mãos, o resultado de uma “Rua das Magnólias”.
Rua imaginária perfumada e ladeada de aromáticas magnólias.
Surpreendente pelas reflexões aplicadas. Surpreendente pela magnificência da escrita.
Neste espaço de imaginação, de ficção, há um não sei quê de realidades, que não são novelas nem romances.
Há, todavia, cores, cheiros, gentes, lugares, momentos que, a todos os que lerem esta obra, e serão muitos certamente, lhes trará á memória algumas recordações.
Fantástico, quando o inesperado acontece, resultado de uma inspiração sublime.
Acima de tudo, a simplicidade. A chamada “difícil facilidade” da sua escrita fluente, atractiva, quase que teatral, provoca uma leitura cativante, que eu apelido de “hipnótica” ou “magnética”.
É que, quase sem querermos, ficamos ali presos, por vezes ansiosos, de sabermos como irá acabar “aquela história”.
Naturalmente, como em qualquer arte, e na arte da escrita é importantíssima, há sempre uma musa inspiradora. Uma ou mais… mas apenas a autora, e um grupo bastante restrito, tem conhecimento delas. Estão lá, revelam-se, mas… em meias palavras, actos e sombras.
Maravilhoso, pelo assombro descritivo de memórias, de histórias, de rasgos completos de uma mente inovada e renovada.
Poderá ser, para alguns, uma surpresa, uma revelação, para outros a confirmação de uma genialidade escondida.
Nos tempos em que vivemos, em que cada vez mais, cada um olha e vive para si mesmo… em que se perdeu o respeito pelos mais altos valores da vida, a Paula, a minha Amiga Paula, na sua “Rua das Magnólias”, chama-nos à razão em tantos erros cometidos numa vida que devia, só por si, ser vivida com mais intensidade e Humanidade.


APRESENTAÇÃO DO LIVRO

“RUA DAS MAGNÓLIAS”

A todos, uma muito boa tarde.
Obrigado por terem vindo.
Á guisa de recordações deste tempo, o tempo vivido leva-me a meados de sessenta quando, ainda crianças, brincávamos partilhando o recreio na escola primária.
De um lado os rapazes e o Professor Vaz, do outro, as meninas e a Professora Deolinda.
Por esses tempos brincava eu, também, no empedrado Largo Vasco da Gama, não muito longe da casa, onde ela morava, que ficava na rua detrás.
Amiúde, fazendo recados á sua Tia, Dona Alda, ia á minha loja comprar lixívia e tinta e nós falávamos de tudo e de nada… que conversas poderiam ter as crianças de seis e sete anos nos longínquos anos de sessenta?
Do Largo Vasco da Gama ao Largo Conde Ferreira onde, aí, se localizava o “nosso” Externato Liceal.
As manhãs frias de inverno, os jogos do “mata”, as aulas de ginástica no tapadão, a figura imponente do Dr. Homénio.
É claro que, também, as aulas nas salas, mais abrigadas, mas nem por isso mais quentes.
A simpatia de D. Maria Helena Miranda, a austeridade do Professor Tomás e a cumplicidade dos colegas de turma.
Entre aulas e férias, os passeios pelo campo, as segundas-feiras de sestas, as festas de garagem e os bailes no nosso Grupo… e os carnavais.
E as músicas… aquelas músicas…
Os Procol harum, os Deep Purple, os Beatles, os Pink Floyd…

Os ensaios do Coro da Igreja, algumas das vezes em casa da Nazaré Santos…
As idas ao Mirante… o sentir da suave frescura do vento.
Veio a revolução, as férias e a ida para a Escola Maria Lamas em Torres Novas.
As viagens de camioneta dos “Claras”, depois Rodoviária.
As conturbações políticas do 11 de Março e do 25 de Novembro.
As amizades criadas com os que connosco repartiam lugares nas velhinhas camionetas, da Golegã, de Riachos, do Ritonicho.
As confusões geradas às terças-feiras por causa do Mercado.

Três anos se passaram, amizades se cimentaram, namoros e casamentos se forjaram.
Casou jovem (como se alguma vez houvesse idade para nos casarmos) comparativamente com os restantes colegas de infância, de aulas, de brincadeira, de liceu….
Tinha apenas (lá estou eu…) dezoito anos.
Logo mãe… logo avó.
O tempo passou depressa. Se calhar depressa demais.
Encontrávamo-nos amiúde e fugazmente.
Quem iria pensar que isto viria a acontecer?
Nem os que de mais de perto conviveram, ou convivem, com a Paula.
A Paula sempre escreveu… escrevia histórias em cadernos que, quando cheios, deitava fora.
Aconteceu durante dois anos…
Depois, há cerca de doze anos, começou a escrever em computador e a guardar na gaveta. Melhorou…
Veio a internet, os blog’s e achou piada em publicar.
E nós, os internautas, ficámos agradecidos.
Aquela estranha necessidade de escrever invadia-a…
A Paula precisava de contar histórias de vivências de algumas realidades com uma certa dose de novela á mistura.
Há também recordações, de infância, de adolescente…
Não, não é saudosismo, talvez sim, nostalgia.
Mas sempre com a musica a acompanhar.
Essa está sempre presente.
E fui lendo… e lendo… e lendo…
E pensei: Porque não publicar em livro?
Era demasiado rico para ficar preso a um blog na internet.
Perguntei-lhe: Já pensaste passar tudo isto que escreveste para livro?
Oh Raul, tás maluco… replicou
Mas eu insistia: tens de publicar…
Um dia, falei com o editor e perguntei-lhe.
Conheces este blog?
Ele leu, releu… e gostou. Diria mais, adorou.
Rapidamente apaixonou-se pelas histórias que a Paula escrevia.
Combinámos um encontro e daquele “primeiro olhar” começou o “namoro” e este acabou em “casamento”, não no sentido lato da palavra, claro está.
O casamento perfeito da escritora e do editor.
E aqui está a obra final. O livro “Rua das Magnólias”.

Este livro que está na vossa frente, não é mais um livro, como qualquer um que se põe na prateleira…
Nem é o livro, aquele, que, iremos dizer: É o melhor que já li.
E daí… até poderá ser.
Mas de uma coisa tenho a certeza: Vão gostar imenso de o ler.
Não é o livro da Vida, nem o livro de uma vida.
É como se de um filho se tratasse.
Esta “Rua das Magnólias” poderá ser interpretada como uma amálgama de histórias de Romance, de Dramaturgia onde há Paixão, Amor, Amizade…
É também uma maneira simpática e facilitada para a autora, a Paula, tentar descobrir as fraquezas do homem, enquanto ser masculino.
Interessante a maneira ordeira de como a autora, também ela, veste a pele de cada personagem.
Um certo toque queirosiano dando todas as indicações de lugares, cores, cheiros, pessoas…
Há também um certo misticismo envolvente que nos faz prender á leitura para saber onde e como irá acabar a história.
Este livro tem cheiro… a magnólias. Suave e penetrante.
É um livro de reencontros. Muitos de nós iremos rever-nos nessas histórias, nesses contos e cantos.
É um livro que nos poderá trazer alguma alegria e um pouco de felicidade fazendo-nos, por vezes, sorrir.
Ao mesmo tempo, podemos, ao lê-lo, parar para pensar…
A autora chama-nos á razão. O porquê de muitas coisas.
Como vos digo no meu prefácio:
Fantástico, quando o inesperado acontece, resultado de uma inspiração sublime.

Acima de tudo, a simplicidade.

A chamada “difícil facilidade” da sua escrita fluente, atractiva, quase que teatral, provoca uma leitura cativante, que eu apelido de “hipnótica” ou “magnética”.

Maravilhoso, pelo assombro descritivo de memórias, de histórias, de rasgos completos de uma mente inovada e renovada.

Poderá ser, para alguns, uma surpresa, uma revelação, para outros a confirmação de uma genialidade escondida.

Estou plenamente convencido que este livro irá andar de boca em boca, como é apanágio das nossas gentes.

Tem, á partida, uma coisa boa no que á leitura concerne. São histórias relativamente curtas.

Não há, neste caso, o perigo de se perder o fio à meada.

A maneira descritiva e de fácil leitura fará com que o leitor se interesse cada vez mais pela história seguinte.

Este é um dos grandes mistérios da Rua das Magnólias.

Estou certo que o primeiro entre muitos que se seguirão.

Por isso, a sua qualidade literária tem a chancela da Zaina Editores com a cumplicidade e exigência de Garrido Artes Gráficas.

Este é um dia bonito, quanto histórico, para a Chamusca.

Não por estarmos a presenciar o nascimento de uma escritora, mas sim a apresentação de um livro escrito por uma autora chamusquense aqui nascida há 51 anos.

Por isso estamos todos de parabéns.

Nós chamusquenses, como leitores, o Garrido como editor e a Paula como autora desta magnífica obra.

Paula, que a musa inspiradora continue a dar-te o toque essencial e necessário para poderes continuar a escrever tão bem e que depressa, tão breve quanto possível, possamos estar aqui, ou noutro local, na apresentação de mais um livro, de mais uma Rua com o perfume da tua escrita e das Magnólias…

Que sejam todos muito felizes como decerto está a Paula neste momento e façam o favor de ler esta Rua perfumada com o cheiro suave das Magnólias.







(Fotos de José Neves)

1 comentário:

  1. Excelente, Raul! Muito bem!
    As minhas felicitações pela magnífica apresentação desta que será certamente uma belíssima obra que espero adquirir muito em breve e deliciar-me com a sua leitura!
    Um abraço!
    Victor Azevedo

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