domingo, 5 de setembro de 2010

CAMPO PEQUENO, A VERDADE DA MENTIRA.

Quinta feira, dois de Setembro, Campo Pequeno.
Lotação esgotada.
No cartel, de novo, o rejoneador luso-espanhol Diego Ventura. A confirmação da alternativa, de má memória diga-se, de Francisco Palha. Padrinho da confirmação, cabeça de cartaz, o incontornável António Ribeiro Telles, um dos últimos esteios do (verdadeiro) toureio a cavalo montado. Forcados Amadores de Vila Franca e de Coruche. Toiros de D. Maria Guiomar Cortes Moura.
Não sendo esta uma das minhas ganadarias preferidas, já sei o que " casa gasta", e sabendo de antemão que nenhum dos produtos a lidar teria quatro anos completos, não estava, confesso, muito interessado em ir ver. Mas... (há sempre um mas...) eis que o telefone tocou a meia tarde. Era o José Maia da Tipografia "A Persistente".
"Raul, preciso de ir a Lisboa, ao Campo Pequeno, mas não gostava de ir sózinho e venho perguntar se estarias interessado em ir".
Expus as minhas razões e reticências da minha anterior negativa, mas acabei por ceder ao convite. Sempre digo que "Quem não vê, pouco ou nada pode avaliar".
Mas também digo que há muita gente que olha, vê, repara e pouco ou nada avalia.
Mas isso são contas de outro rosário. De facto, nada do que vi me surpreendeu, talvez pelos anos que levo disto.
Confesso não entrar em "modas", nem em extâse, nem em histerismos gratuitos, como alguns que vi bem perto de mim, nem em loucuras desmedidas ao ver cavalos em cites "dançados" ou balançados, como quiserem interpretar, que mordem os toiros, em ferros colocados nos toiros que, na altura das reuniões (?), se encontram na paralela com o cavalo, nem comungo da opinião que este é que é o toureio a cavalo que faz vibrar o aficcionado, mas sim o grande público, ávido de espectáculo, mesmo que a mentira esteja presente.
Resumindo, ao que verdadeiramente toureia, entende os toiros, lhes dá as lides adequadas, cita de largo, de frente, que se quarteia no momento indicado, que deixa os ferros ao estribo, de alto a baixo, com verdade, onde há risco e emoção, que remata as sortes, sem exuberância, sem atitudes "circenses", com senhorio, contido nas sua simplicidade e humildade, a esse, o grande público não entende, não aceita e, tudo isso, porque o grande público não sabe, nem quer saber do classicismo. Aliás, e isso está provado mesmo em politica e na própria sociedade, o grande público gosta de ser enganado.
Felizmente eu não lhe pertenço.





O Companheiro de viagem José Maia António Ribero Telles, o incompreendido, o clássico
Diego Ventura, o ídolo das multidões, saindo em ombros

















DIEGO VENTURA E O CAVALO MORANTE, O TAL QUE MORDE O TOIRO, UMA ABERRAÇÃO TAURINA



DIEGO VENTURA E O CAVALO GINES, O BAILARINO. O GRANDE PÚBLICO DELIRA.


7 comentários:

  1. Puseste em palavras escritas, aquilo que eu, e espero muitos aficionados portugueses, pensam.

    Um abraço

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  2. Raúl,

    Não há que negar as evidências.
    Diego Ventura é um fora de série, e o rejoneo que pratica é de grande risco. De facto os três ferros de maior risco que vimos nessa noite foi ele que os pôs, no primeiro toiro, com o cavalo ruço. Não há forma de o negar.
    Depois faz "extras" que eu tambem nao aprecio, como os bem referidos "cites bailando" e o cavalo que morde os toiros. Mas tudo isso não invalida nem anula as fantásticas coisas que faz antes deeses "adornos". Não vale a pena negar.

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  3. Caro Espeta Ferros, irá perdoar-me ao estar em total discordância consigo. Em primeiro lugar porque não sou adepto do "rejoneo" mas sim do verdadeiro toureio a cavalo à portuguesa. Em segundo lugar não vi nenhum risco em nenhum dos três ferros que diz o Ventura ter "posto", pois aquando da colocação, o toiro está na paralela com a montada, logo não são "postos" ao estribo. Em terceiro lugar, não deixa de ser verdade que tudo o que possa fazer com "extras", os quais diz não apreciar, mancha LITERALMENTE o que antes e após possa fazer, ou ter feito, aos toiros (?). As lides querem-se equilibradas, o toureio terá de ser visto como uma arte de risco, coerente e séria e nunca como espectáculo "circense". Logo, a genialidade de que fala, não passará de uma mera demonstração de equitação campera, de um arranjo de cavalos em picadeiro e que só poderá agradar a quem se dispõe a bater palminhas acompanhando o balanceio das montadas e na euforia desmedida quando da mordidela no toiro. Continuo, e continuarei, a negar esse gosto desenfreado pelo Diego Ventura. Não me seduz essa prática de "toureio", nem o irei considerar um fora de série, nem um génio. Mantenho o meu gosto pelo toureio sério, clássico, frontal, sem martingalas, sem quiebros.
    Um abraço e benvindo. Obrigado por ter comentado.
    Entretanto, faça como o Ventura, vá espetando ferros, que eu vou toureando.

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  4. Assumo sou fâ do Diego Ventura, e acho muito mal o que se diz a respeito dele.
    Encheu o campo pequeno por duas vezes onde saiu pela porta grande por duas ocasiões, montijo, santarém, beja e irá concerteza encher a praça de toiros da moita no próximo dia 14 de setembro.
    É um dos máximos triunfadores por cada praça por onde passa.
    Muitos toureiros gostavam de ter o cavalo "Distinto", " Morante" (que o senhor diz que é uma aberração).
    Tá na hora do toureio de risco, de emoção.
    Mas pronto cada um tem o seu toureiro preferido.
    Mas é assim não gostamos do Ventura e vimos para aqui mostrar vídeos, e vamos ao campo pequeno ve-lo tourear.
    Tou a ver que mostrou muita atenção ha lide do Diego Ventura.

    Saudações Taurinas.

    Ass:Fã do Diego "FURACÃO" Ventura

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  5. O porquê de Diego Ventura sair pela porta grande na passada quinta feira? Não vi qualquer motivo para tal, apenas vi um verdadeiro espectáculo "circense", onde se apresenta com um verdadeiro plano de markting em toda a sua apresentação, onde chegou a estar cerca de 2 a 3 minutos à volta do toiro, já sem ferro para cravar, apenas para mostrar o seu cavalo a morder no toiro .... é de lamentar.
    Mas claro, gostos são gostos ....
    Cumprimentos
    Filipe Graça -
    Golegã

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  6. Caro Raúl,

    Cada um é adepto ou fã do que gosta e lhe toca, e quem não gosta não come.

    Eu cá não fui desta vez ao Campo Pequeno, simplesmente porque não me encontrava no País.

    Porque ao contrário do "meu amigo" que pelos vistos foi para lá logo à partida aborrecido, já sabendo tudo o que se ia passar, e predisposto a ver o que de mal Ventura iria fazer, eu teria ido bem disposto, certamente depois de um bom jantar, para desfrutar de dois estilos totalmente opostos, mas protagonizados pelos que serão, neste momento, os dois expoentes máximos dos mesmos.

    Parabéns ao António Teles e ao Diego Ventura, porque pelo que li não defraldaram as espectativas.

    O "meu amigo" é que viu a corrida e pode não ter visto nenhum risco em nenhum dos três ferros que Ventura terá colocado com o cavalo que julgo ser Distinto, não sei não estive lá! mas recordo-lhe que ainda à bem pouco Ventura foi literalmente sacado da montura pela garupa desse mesmo cavalo por um touro numa sorte idêntica, e se isso não tem risco então o que terá?

    Serão as galopadas desenfreadas e o "lançamento do ferro" por parte da maior parte dos nossos "Cavaleiros Traumáticos"? Sim traumáticos porque Tauromáquicos são bem poucos!

    Cuprimentos "Amigo Raúl", divirta-se, não se aborreça porque o Ventura não vem tirar lugar a ninguém cá em Portugal!

    Ass. Rui Ferreira

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  7. Fã do Diego "FURACÃO" Ventura, aceito o facto ao dizer que enche as praças (também o Moura encheu) e que sai em ombros das praças por onde passa. Eu não disse que o CAVALO era uma aberração mas sim o facto de morder o toiro, o que para mim é, sem dúvida, uma ABERRAÇÃO!
    Isso para mim não é toureio.
    Naturalmente para poder falar, e escrever, estive muito atento, aliás é assim que se deve estar, ás lides de todos, não só do Ventura.
    Só assim poderei comentar o que vi.
    Não levo ideias préconcebidas relativas seja a quem for, mas como já cá ando há muitos anos e tenho visto muito, é natural que possa fazer uma antevisão a um espectáculo que deveria de ser (infelizmente já não o é) de imprevistos.

    @ Anónimo: O Senhor diz a dada altura:

    "...mas recordo-lhe que ainda à bem pouco Ventura foi literalmente sacado da montura pela garupa desse mesmo cavalo por um touro numa sorte idêntica, e se isso não tem risco então o que terá? "

    Pois bem, só vem ao encontro do que há muito ando a dizer. Senão vejamos: o quiebro, que é uma mentira, obriga o toiro a ficar desiquilibrado, ficando no momento da eventual e possivel reunião, na paralela com o cavalo, só recuperando a cavalo "passado", logo ficando por detrás da montada, e foi então que o toiro, por o cavalo não se ter tirado a tempo (falha técnica), o colheu pela garupa.
    Erro gravissimo do cavaleiro em questão.
    O cavalo, assim como uma muleta, nunca devem (mas podem) ser tocados pelo toiro, no que deve ser chamado de "temple".
    Eu sei que o Ventura não virá tirar o lugar a ninguém em Portugal. Todos têm o seu lugar na tauromaquia, mas daí até criarem ídolos com "pés de barro" vai uma grande distância.
    A própria história, um dia, me dará razão, assim como Você me deu para responder.

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