quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz Ano Novo




Recanto Poético - Armando Soares Imaginário

A minha Terra, a Chamusca, tem sido berço de grandes nomes da poesia. Nem todos são conhecidos, é certo, mas têm um lugar destacado na cultura local e um particular carinho deste que vos escreve. Não o conheci devido ao seu precoce desaparecimento. Todavia, foi colega de escola de um grande Amigo que tive e, que um dia, terá aqui o seu destaque. Foi esse comum Amigo que me despertou para a poesia do seu condiscipulo já que a dizia com um seu, muito próprio, sentimento. Hoje, sou eu que os digo, da melhor maneira que sei, em noites de fado ou em tertulias de amigos. 
Armando Soares Imaginário amou a sua, nossa, terra, o Ribatejo e as suas tradições. Também, como qualquer mortal, sofreu de amores. São três sonetos que vos trago, editados que foram em livro, de titulo "Chamas e Cinzas", pela Junta de Freguesia local, logo após a sua morte e reeditados muitos anos depois. Mas a sua vasta obra continua, infelizmente, guardada na gaveta. Ou por capricho de familiares (que me perdoem) ou por desprendimento da Edilidade, continuam sem ver a luz do dia. Digo-vos sinceramente, porque conheço a obra, que é uma pena. 
(foto retirada da Revista "Chamusca Ilustrada", nº 9, Maio de 1978, pág.168)

Chamusca

Chamusca, meu jardim de fantasia,
Onde eu cultivo as flores da afeição.
cada recanto, lindo, é um talhão,
Que lentamente o Tejo acaricía.

Subindo ao Pranto, a sua casaria
É roupa branca, ao sol, por sobre o chão.
Bandos de aves, que em lucida visão,
Abrem asas no céu, que as delicía.

Chamusca, minha amada, meiga e terna,
Que doce, que amorosa, que materna,
Que simples, que suave, que tranquila.

Chamusca, eu amo-a tanto que quisera,
Até depois de morto, quem mo dera,
Na terra que me cubra inda senti-la.

Ribatejo

Oh terra de meus pais, oh terra amada minha
Oh terra do campino heroico e juvenil,
Em que o sol, num quente abraço, afaga e acarinha
Tornando-lhe a campina fértil e gentil.

Leziria onde domina o toiro, sempre hostil,
Do campo mais ridente à terra mais daninha,
Arena, onde uma luta enorme e varonil,
Do homem contra a fera,
Em tudo se adivinha.


Oh terra que eu adoro e exalto apaixonado
Encantador jardim, cantinho idolatrado
Por onde o Tejo corre, entorpecido e plano.

Oh terra meu amor, amor da minha vida.
Eu hei-de afirmar alto, em voz sentida,
Que todo o meu orgulho é ser Ribatejano.

Tu
Pensou bastante Deus para te formar,
Que pouco lhe sobrava na sua frente.
Foi... e tomou do sol a luz ardente
E a escuridão da noite, o teu olhar.

Pôs-te na boca pérolas do mar,
Perfumes sensuais do Oriente,
Colocou-te na voz o som dormente
Do Vento sussurrando num palmar.


Ao corpo, deu-te a vaga languidez,
Do tremor de um bambu em céu chinês,
A luz de um sol que em fogo esmoreceu.

Deu-te o amor, o ódio, a crueldade,
A dor , o sofrimento e a vaidade,
E no fim... deu-te um escravo, que sou eu.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Chora canta, canta Chora! O Fado de uma Vida ou a Vida num Fado



Um dia teria de ser.
É hoje.
Já que dele falo no post anterior, eis que, quase a terminar o ano, (mais um... ou menos um) o trago ao meu blog com inteira justiça.
Tudo o que possa escrever sobre ele será sempre pouco para o que temos de comum.
O gosto pla nossa Terra, plo Fado, pela Festa dos Toiros, pela Vida. 
Desde os tempos de Liceu, no Coro da Igreja Matriz, estudantes em Torres Novas, elementos do "Grupo Gente", noites incontáveis de Fado, espectáculos na "Expo-98", um pouco por toda a parte.
O João tem uma frase gira que eu subscrevo: "Com tantas noites e momentos bonitos memoráveis durante o ano, para quê o histerismo da comemoração de uma passagem de ano, que é apenas e só mais uma noite?"
Quando lançou o seu, até agora, ultimo trabalho fui até Alenquer para fazer a apresentação do fadista. Disse-me: "É uma coisinha breve de cinco a dez minutos...". Pois... foi uma apresentação de vinte. E muita coisa ficou por dizer. Quando conhecemos as pessoas e nutrimos tanta simpatia por elas, é o que acontece.
Certa vez ligou-me a pedir que escrevesse breves palavras para colocar no site dele http://www.joaochora.com/ .

Acedi ao convite e foi com tanto agrado que escrevi que até parece um testamento.
Até pode haver quem o conheça tão bem como eu, mas melhor... duvido.
Quem visitar o site do Amigo João ficará a saber porque o digo.
Prometo um dia mais tarde, se Deus me ajudar, a voltar a escrever aqui no "Porta Aberta" sobre o João.
Ele, também, é dos tais que sabe que a Porta está Aberta ou como abri-la. 
Pela tua Amizade, muito obrigado por tudo.
Bem hajas!




  

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Fadista por um dia... ou melhor, por uma noite


Vejam só... eu fadista. Quem diria? É claro que não passou de uma brincadeira, com desculpas incluidas, mas não deixou de ser engraçado o fado cantado "a meias" com a minha querida Julia Laudácias. Cantámos, ou melhor... cantou ela, saudades da Julia Mendes. Eu apenas entoei, da melhor maneira que soube, "Oh Julia andas com a noite na alma, tem calma, aindas te perdes pr'aí...".
Mas, só o facto de ter atrás de nós um trio de músicos com a qualidade reconhecida de um Custódio Castelo, João Chora e Fernando Calado "Nani", é mais que motivo de orgulho e enorme satisfação. Temos de repetir mais vezes. Tomámos o gosto, não queremos outra coisa. Venha fado bem acompanhado.

Uma Guitarra encostada a um Coração de Oiro


Digam o que quiserem, para mim, que o conheço desde os seus principios e tenho procurado acompanhar a sua, já dilatada, carreira, ele é, sem dúvida um dos melhores senão o melhor guitarrista do nosso exiguo País. Por isso ele tem feito furor, e sido reconhecido, além fronteiras. Podia aqui colocar (talvez um dia o faça) uma foto de ambos, quando ainda tinhamos algum cabelo. Já lá vão uns vinte e dois anos. Houve uma temporada que, praticamente, todas as semanas nos encontrávamos nessas noites de fado que então aconteciam um pouco por toda a parte.
A foto, que aqui vos trago, data de cinco de Dezembro. Foi em Almeirim, mas no dia seguinte estivémos em Alcanena. Logo após, a dezoito, em Murta/Marianos e no dia seguinte no jantar de final de época do Grupo de Forcados Amadores da Chamusca. Tive o raro privilégio de ter sido convidado para um projecto que o Custódio levou à Casa da Música, no Porto, sobre Luis de Camões. A junção de dois génios. O das palavras e o da música. Aqui partilho convosco um pouco dessa genialidade. Mas.. o melhor, acreditem, é adquirir o CD "Tempus". Ide por mim.  

Mercado sem Mercadoria, a ironia do destino


Imagens do que foi o nosso Mercado. A prêto e branco, outrora um jardim e o Mercado primitivo. A cores uma foto retirada da Revista " Chamusca Ilustrada" anos 80 do século passado.














Muito antes de ser Mercado Municipal, aquele espaço, defronte da Igreja Matriz, foi outrora um jardim aprazivel, com árvores frondosas, onde se reuniam as pessoas para ali trocarem dois dedos de conversa.

Depois construiu-se o Mercado, rodeado de um gradeamento e apenas coberto com uma cobertura de duas "águas".

Finalmente, e já de paredes erguidas, o nosso Mercado era, ou foi, um espaço de encontro das nossas gentes, que num corropio constante ali encontravam os excelentes produtos que o nosso campo, tão ricamente, produzia.

As imagens são elucidativas.

Nos dias de hoje é uma lástima ver aquelas bancas desnudadas de gente e produtos. Por dia apenas duas ou três vendedeiras e ao fim de semana umas quantas mais.

Tão pouca gente para tão grande espaço.

Das duas uma... ou dão outro incremento, incentivo, apoio áquela gente, e ao regresso das pessoas ou transforma-se o que foi em tempos um Mercado, e a razão da sua existência, por um espaço de conhecimento e aprendizagem, tipo museu tradicional.

Ou então, voltar tudo ao principio e repor ali um espaço verde, como o foi antigamente.

É que, com tanta oferta de espaços comerciais ( Ecomarché, Lidl, Pingo Doce, Mini Preço, Supercompra, etc...), já há quem prefira vender numa situação ambulatória ( veja-se o que se passa junto ao Edificio do Centro de Saúde ) a estar fechado no Mercado Municipal, que sofreu profundas obras de remodelação, pagando uma taxa, ainda que simbólica, mas... para vender o quê e onde já não vai quase ninguém?

Poderia haver uma solução para a falta de espaço de estacionamento, com as novas regras de trânsito ali concebidas....

Era a abertura de uma via pelo meio do Mercado com entrada, por exemplo, frente á Igreja Matriz e saída, com rampa, para o lado da antiga Loja do Custódio.

Não era uma rica ideia?

Pelo menos "modernaça", lá isso era.... e tinha tudo a ver com o contiguo Largo Vasco da Gama. Deixem-me rir....

Ai, minha querida Chamusca, quem te viu e quem te vê....

Vês como gostas de Ópera? Um incentivo ás compras num Mercado.


São seis e dez da manhã de terça feira, dia 29.

A chuva que cai lá fora com alguma intensidade acordou-me bem cêdo.

Abri alguns e-mail's e deparei-me com um, que me foi enviado pelo Francisco Velez a quem eu agradeço. Dizia o seguinte:

No passado dia 13 de Novembro, um dia normal de mercado, a músicacomeça a ouvir-se...São fragmentos da Traviata de Verdi interpretados em pleno Mercado Central de Valência,entre as bancas de frutas e verduras.Os rostos dos compradores, assombrados ante a magia da arte, fazem com querecuperemosa confiança no bom gosto.O gosto pela boa fruta, a verdura, o bom vinho ou, a música e a vida. Aumentem o som e entrem neste link:



Realmente os espanhóis têm destas coisas.

Por cá, há poucos dias, concretamente a 23 de Dezembro, no Aeroporto de Lisboa dançou-se como já se fizera em algumas estações de comboio de outras cidades da Europa.



Nada melhor para começar o dia. Ouvir boa música, ver dançar e bater o pézinho.


Quem diz que a Música não é um elixir para a boa disposição e bem estar de todos nós?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Amor com Amor se paga, ou como Um Amigo trata Amigavelmente outro Amigo




Nestas andanças da blogosfera há um blogue que não posso deixar de recomendar por duas razões. A primeira é que foi através dele ( do blogue e do blo(q)guista, desta gostei) que pensei nesta aventura do "Porta Aberta". A segunda porque a Amizade, mesmo não sendo ao lado da porta, é-nos trazida pelo gosto da rádio, fomos colegas na RCA Ribatejo em Almeirim, da vida que merece ser bem vivida, do franco, e são, convivio e do respeito mútuo.

O Marco Domingos é um desses bon-vivant que faz as coisas por, e terem, gosto.

Ele é relatador de jogos na TSF, e, neste momento, está na Rádio Iris FM, http://www.cafecomiris.blogspot.com/ todos os dias das sete ás dez da manhã. Faço os possiveis, logo que acordo, estar na sua sintonia. Dá-me gozo ouvi-lo e à sua selecção musical.

Além disso faz, no seu blogue, publicidade a este blogue, e eu, como sou bom pagador, faço a devida alusão ao seu e espero sinceramente que o visitem porque vale mesmo a pena http://dajaneladomini.blogspot.com/

Como se diz na gíria, Amor com Amor se paga ou como a Amizade pode e deve ser Dar e Receber.

Bem Hajas Marco!

Aquele Abraço!

Nostalgia, Saudade, Um Filme e Algumas Palavras... Homenagem a um Amigo!


Já passou mais de um ano que o nosso Amigo Necas nos deixou. Hoje invadiu-me a nostalgia, embora a saudade viva permanente. Na altura do seu passamento escrevi para a Revista Novo Burladero o meu testemunho que convosco compartilho assim como um filme que o meu Pedro Miguel produziu. Para lerem, basta clicar em cima. Para que a memória não esqueça!





Estão chegando os frios

Entramos hoje na ultima semana do ano de 2009. Aliás, uma semana que não será de sete dias, mas sim de quatro, mais três. É fácil de ver e fazer as contas. É que o dia um de Janeiro será a uma sexta feira. Assim sendo, esta semana acaba na quinta e recomeça na sexta. Pois... estas passagens de ano, estes feriados... Bem, certamente já perceberam que estou numa de evasivas.
Então, pronto, está bem.
Esta semana tem sete dias, como é habitual, só que tem um feriado plo meio e esse é o dia um de Janeiro. e como dizem lá do "outro lado": La vida sigue igual!
Vasculhando os blogues de alguns amigos, encontrei no "Conselho Superior" do meu Amigo Joaquim José Garrido, a letra de Veinte Años do Patxi Andion.
Gostaria de repartir convosco a letra e o filme que encontrei no YouTube.
Nada melhor que ouvir, ler e desfrutar de uma música que já faz parte das nossas memórias.
Espero que gostem.
Tenham uma excelente segunda feira.

Veinte anos de estar juntos,
esta tarde se han cumplido,
para ti flores,
perfumes para mi...!Algunos libros!
No te he dicho grandes cosas
porque no me habrian salido,
! ya sabes cosas de viejos!
!Requemor de no haber sido!
Hace tiempo que intentamos
Abonar nuestro Destino,
Tú bajabas la persiana.
Yo apuraba mi ultimo vino.
Hoy
En esta noche fría
casi como ignorando
el sabor de soledad compartida,
quise hacerte una canción,
para cantar despacito,
como se duerme a los niños.
Y, ya ves, solo palabras sobre notas me han salido.
Que da igual que tú y que yo,
se soportan amistosas,
ni se importan ni se estorban,
mas non son una canción.
...Qué helaba está esta casa.
...Será que está cerca del Rio.
...O es que entramos en invierno.
...Y están llegando... ...Están llegando los fríos.






As Árvores morrem de pé















As minhas primeiras memórias de teatro, para além do Teatro de Revista que então se fazia no CineTeatro da Chamusca ( Na Cepa Torta, Salsifré), chegaram-me através do pequeno écran da televisão, então a preto e branco, na figura dessa grande Senhora de nome Palmira Bastos, quando no final, batendo no chão com a sua bengala e de porte altivo, pronunciava: Morta por dentro, mas de pé, de pé, como as árvores!

Chega-me agora a noticia, através do meu amigo Joaquim José Garrido, eleito vereador independente para a Câmara Municipal da Chamusca, que os actuais responsáveis pelos destinos do meu Concelho, pensam em "arrancar" as centenárias árvores que se encontram no largo onde está o Chafariz das Bocarras, vulgo da Botica.

Separam estas duas fotos cerca de 80 anos.

As árvores fazem parte da nossa memória colectiva.

Eu, como chamusquense, não vou permitir que se faça a alienação de mais este património.

Como eu, muitos outros estarão a meu lado e, decerto, não estarão de acordo com mais um espaço de estacionamento a prejudicar a, já tão debilitada, imagem de uma Chamusca que já foi mais histórica, mais bonita e mais agradavel.

Agora digo eu, tal como disse Palmira Bastos, as árvores morrem de pé!



domingo, 27 de dezembro de 2009



Agora que estamos chegados ao final de mais um ano e esperançados no que se aproxima, deixo-vos, que eu considero ser, o poema dos poemas para o Homem que pensa num melhor Futuro. O "SE" de Rudyard Kiplig e tradução de Félix Bermudes






Se podes conservar o bom senso e a calma,
Num mundo a delirar, para quem o louco és tu.
Se podes crer em ti, com toda a força da alma,
Quando ninguém te crê. Se vais faminto e nu

Trilhando sem revolta um rumo solitário.
Se à torpe intolerância, se à negra incompreensão,
Tu podes responder subindo o teu calvário
Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão.

Se podes dizer bem de quem te calunia,
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor
Mas sem a afectação de um santo que oficia,
Nem pretensões de sábio a dar lições de amor.

Se podes esperar, sem fatigar, a esperança,
Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho,
Fazer do pensamento um arco de aliança
Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho.

Se podes encarar com indiferença igual
O triunfo e a derrota, eternos impostores!
Se podes ver o bem oculto em todo o mal
E resignar, sorrindo, ao amor dos teus amores.

Se podes resistir à raiva e à vergonha
De ver envenenar as frases que disseste,
E que um velhaco emprega, eivadas de peçonha,
Com falsas intenções que tu... jamais lhe deste!

Se podes ver por terra as obras que fizeste,
Vaiadas por mal sins, desorientando o povo,
E sem dizeres palavra e sem um termo agreste
Voltares ao princípio para construir de novo.

Se puderes obrigar o coração e os músculos
A renovar um esforço há muito vacilante,
Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos,
Só exista a vontade a comandar – Avante!

Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre,
Se vivendo entre os reis conservas a humildade
Se inimigo ou amigo, poderoso ou pobre,
São iguais para ti à luz da eternidade.

Se quem conta contigo encontra mais que a conta,
Se podes empregar os sessenta segundos
De cada minuto que passa em obra de tal monta
Que o minuto se espraia em séculos fecundos.

Então, oh ser sublime o mundo inteiro é teu!
Já dominaste os reis, os templos, os espaços,
Mas ainda para além um novo sol rompeu
Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos.

Pairando numa esfera acima deste plano
Sem recear jamais que os erros te retomem,
Quando já nada houver em ti que seja humano,
Alegra-te meu filho... Então… Serás um HOMEM!

Campinos Mulheres E Fado







Separam estas imagens, as de preto e branco ás de cores, cerca de 46 anos. Referem-se á Opereta "Campinos, Mulheres e Fado" que a Companhia de Teatro do Ribatejo, através do seu encenador, João Coutinho, repôs em cena no Cine-Teatro da Chamusca em finais do mês de Novembro.



Na de a preto e branco reconhecem-se, à esquerda Manuel João Moedas (já falecido), Helder Ribeiro e Vitor Hugo Marques.
Nas de cores o grupo de jovens actrizes, algumas já fazendo parte da Companhia, outras debutantes na arte de Talma.
Eu farei, actualmente, o papel de D. António, que em tempos ido protagonizou Helder Ribeiro. Vitor Hugo terá sido o Zé Luis, filho de D. António, criado na agricultura e irmão de Jorge, educado nos estudos, papel esse desempenhado pelo saudoso Manuel João Valério e actualmente por José Carlos Carrinho.
Vitor Hugo é, hoje, o "livre pensador", marido de Mariana (Elsa Mendes), pai da Maria da Luz (Vera Oliveira) e da Manuela (Sofia Mauricio)tem um caso com uma Brasileira, a Gégé (Custódia Solca) e com o qual reparto uma copa de vinho (na foto).
A Opereta vai voltar à cena dias 9, 16 e 17 de Janeiro, na Chamusca.
Não percas a oportunidade de passar uns bons momentos divertidos.




sábado, 26 de dezembro de 2009

Ele há Vicios...


Os que me conhecem sabem bem da minha lúcida loucura pelo gosto da boa música.
Os que me visitaram já tiveram oportunidade de visualizar a minha modesta discoteca composta por cerca de 1.300 Cd's.
Desde a música denominada clássica, ao Jazz, sul americana, rock português, ligeira portuguesa, Fado, grandes nomes da música francesa, Italiana, norte americana... muitos são os que ocupam lugar destacado nos meus gostos musicais.
Ainda que com algumas dificuldades financeiras, tomei a liberdade, e a ousadia, de fazer um esforço suplementar e adquirir a colecção dos "The Beatles".
Tenho em mente, assim que o possa, refazer as colecções em registo digital (o vinil já era) de grupos que marcaram a minha juventude.
Supertramp, Queen, Pink Floyd, Mike Oldfield são os prioritários.
Vamos ver o que 2010 nos reserva e se terei a felicidade de concretizar os meus sonhos.
Só se tiver de esperar até aos sessenta e quatro anos, nunca é tarde...

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Mais um Natal que passou



Dez da noite de 25 de Dezembro.
Dia frio e chuvoso apenas aquecido pelo calor humano em casa da minha sogra D. Maria Antónia. Como habitualmente ali se juntou a familia Varela Loja. Irmãos, irmãs, tios, tias, primos, primas, sobrinhos, sobrinhas, cunhados, cunhadas, filhos e netos... somando, cerca de trinta e cinco!
Almoço composto, como em anos anteriores (já é de tradição), carne em vinha de alho, à moda da Madeira, com milho frito, batata assada e pão frito em banha de porco. A acompanhar três de tinto, uma de Montes Claros, outra de EA de 2004 e uma Cartuxa. Para rematar, como sobremesa, mousse de ananás ou de chocolate e pudim de veludo. Confesso que, para mim, começa a ser muita confusão. Prefiro o sossego do lar. Nada tenho contra as conversas batidas e esbatidas dos mais antigos, nem as risadas e movimentções bruscas dos mais pequenitos, que vivem este dia com redobrada ansiedade. Tudo isso é compreensivel.
Mas o meu aconchego, quentinho, sossegado, transmite-me uma paz, uma tranquilidade, impagáveis. Acompanhou-me no regresso a casa o Pi. Este é mais "Gaudêncio" que "Varela Loja".
Já entrada a noite, chegam a casa os "sobreviventes", a minha mulher e o o Pedro Miguel. São eles os mais "Varela Loja". Terão outra "responsabilidade" familiar.
Nas tradicionais trocas de oferendas natalicias, optou-se, já há algum tempo, pelo "amigo oculto". Boa opção. Mais contenção de despesas e melhor escolha nas prendas. Da minha parte muito obrigado ao meu "amigo oculto" pelos CD's de Fado cuja foto da "box" aqui vos deixo. Para quem gosta de fado, como eu, é uma boa sugestão e não deixa de ser, para mim, um complemento ao cd recebido e ao qual faço referência na mensagem anterior.
Reunidos os quatro no aconchego do lar, frente ao televisor, não deixámos de esboçar alguns sorrisos, mesclados de gargalhadas ao vermos as novas versões de "Agente Olho Vivo" e "Pantera Cor de Rosa". Assim se vai passando o tempo e assim se passou mais um dia de Natal, afinal, igual a tantos outros.

Mais uma Prenda de Natal.


Meia noite e meia.
Segundo a lenda ou história, o Jesus Menino acaba de nascer.
É vê-Lo em palhas deitado.
Confortado apenas pelo bafo quente do burro e de uma vaca.
A Virgem Maria contempla-o eternecida com esse olhar único de Mãe.
José assume o seu papel de pai (não o sendo).
De longe virão Reis, pastores... com as suas prendas.
Todos gostam de receber uma prenda, seja qual for.
Venha de quem vier.
Mas há sempre uma ou outra que nos toca mais o sentimento.
Pelo valor, direi, estimativo e mais por vir de quem vem. Ainda não há muito, com (mais) uma carta anexada, chegou-me ás mãos (mais) um cd.
Desta feita de Grandes Guitarristas.
O primeiro que ouvi foi (não podia ser outro) Custódio Castelo.
Mas, dizer quem me ofereceu este tão rico presente, quase nem será necessário.
Nem mais, essa mesmo...a minha Esposa. Estraga-me com mimos. Faz isto todos os anos! Se eu não gosto? Claro que gosto, mas era desnecessário.
Afinal, durante o ano, vamos oferecendo mutuamente algumas lembranças, por vezes sem valor (desse que estão a pensar) mas que o são para nós, pela atitude, pelo momento, pelo dar e receber segundo a ocasião.
Por agora já chega de lamechas.
Agora é tempo de festejar o Nascimento, a Natalidade, a Vinda ao Mundo do Jesus Menino.
Aquele que, em Abril, a quatro, iremos chorar a Sua Morte, o Seu Amor a Sua Paixão.
Até lá festejemos com Alegria a Sua chegada.
Muitas e boas prendas para todos.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Lembro-me que com os meus treze, catorze anos, nesta mesma noite,lá ía à missa do Galo incorporar-me no Coro da Imaculada Conceição. Um dos cânticos que mais gostava de cantar era este mesmo.
Desfrutem.

Natal... Natal.....


NATAL


Mais uma vez, cá vimosFestejar o teu novo nascimento,

Nós, que, parece, nos desiludimosDo teu advento!

Cada vez o teu Reino é menos deste mundo!

Mas vimos, com as mãos cheias dos nossos pomos,

Festejar-te, ─ do fundoDa miséria que somos.

Os que à chegadaTe vimos esperar com palmas, frutos, hinos,

Somos ─ não uma vez, mas cadaTeus assassinos.

À tua mesa nos sentamos:

Teu sangue e corpo é que nos mata a sede e a fome;

Mas por trinta moedas te entregamos;

E por temor, negamos o teu nome.

Sob escárnios e ultrajes,

Ao vulgo te exibimos, que te aclame;

Te rojamos nas lajes;

Te cravejamos numa cruz infame.

Depois, a mesma cruz, a erguemos,

Como um farol de salvação,

Sobre as cidades em que ferve extremos

A nossa corrupção.

Os que em leilão a arrematamos

Como sagrada peça única,

Somos os que jogamos,

Para comércio, a tua túnica.

Tais somos, os que, por costume,

Vimos, mais uma vez,

Aquecer-nos ao lume

Que, do teu frio e solidão, nos dês.

Como é que ainda tens a infinita paciência

De voltar ─ e te esqueces

De que a nossa indigência

Recusa tudo que lhe ofereces?

Mas, se um ano tu deixas de nascer,

Se, de vez, se nos cala a tua voz,

Se, enfim, por nós desistes de morrer,

Jesus recém-nascido, o que será de nós?!

NATAL DE QUEM?

Mulheres atarefadas
Tratam do bacalhau,
Do peru, das rabanadas.

-- Não esqueças o colorau,
O azeite e o bolo-rei!

- Está bem, eu sei!

- E as garrafas de vinho?

- Já vão a caminho!

- Oh mãe, estou pr'a ver
Que prendas vou ter.
Que prendas terei?

- Não sei, não sei...

Num qualquer lado,
Esquecido, abandonado,
O Deus-Menino
Murmura baixinho:

- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

Senta-se a família
À volta da mesa.
Não há sinal da cruz,
Nem oração ou reza.
Tilintam copos e talheres.
Crianças, homens e mulheres
Em eufórico ambiente.
Lá fora tão frio,
Cá dentro tão quente!

Algures esquecido,
Ouve-se Jesus dorido:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

Rasgam-se embrulhos,
Admiram-se as prendas,
Aumentam os barulhos
Com mais oferendas.
Amontoam-se sacos e papéis
Sem regras nem leis.
E Cristo Menino
A fazer beicinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

O sono está a chegar.
Tantos restos por mesa e chão!
Cada um vai transportar
Bem-estar no coração.
A noite vai terminar
E o Menino, quase a chorar:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Foi a festa do Meu Natal
E, do princípio ao fim,
Quem se lembrou de Mim?
Não tive tecto nem afecto!

Em tudo, tudo, eu medito
E pergunto no fechar da luz:

- Foi este o Natal de Jesus?!!!

Mais Vale Dois Pássaros na Mão que Um Rato no Anus.... Ou Cinquenta anos de atraso (?)

Ele há cada noticia que só me apetece dizer: Valha-nos Deus!

http://www.ionline.pt/conteudo/38910-casamento-gay-no-lux-nao-estou-feliz-eu-sou-feliz

O acontecimento inédito decorreu segunda-feira à noite, na discoteca de Lisboa. Ricardo Mealha e David Rodrigues foram os protagonistas. Um casamento gay semipúblico, mas muito discreto
Ricardo Mealha, 41 anos, um dos mais requisitados designers gráficos portugueses, e o namorado de há seis anos, David Rodrigues, 28, psicólogo, casaram-se perante amigos e familiares, mas longe do olhar da imprensa.

O deputado independente pelo PS Miguel Vale de Almeida, homossexual assumido, foi um dos convidados. Esclareceu estar ali a título pessoal e disse "ter muito prazer" em participar na festa. "Só é pena não termos ainda aprovado a lei" do casamento gay, acrescentou. Sobre o mesmo assunto, a actriz Graça Lobo, que chegou acompanhada por Jorge Salavisa, director do Teatro São Luiz, em Lisboa, disse ser favorável à alteração do Código Civil, no sentido de permitir o casamento gay. Mas notou que "é normal" haver quem resista a essa mudança. "As pessoas em Portugal resistem a tudo, estamos atrasados 50 anos", avaliou a actriz.

Às 2h30, fonte segura dizia que Mealha e Rodrigues tinham acabado de sair da discoteca. Seguiram para a noite de núpcias, oferecida pelo Hotel Tivoli, na Avenida da Liberdade, ao qual Mealha já esteve ligado profissionalmente. Ontem de manhã o designer publicava no Facebook algumas fotos suas e do marido a bordo de um jacto particular.

Agora falo eu. Julgava eu que era uma pessoa "actualizada" quando defendia, e defendo, o casamento (acasalamento de um casal, macho e fêmea). Afinal, com esta idade, terei de voltar a nascer, porque estou cinquenta anos atrasado. Na minha terra, felizmente, isto chama-se, simplesmente, uma valente PANDELEIRICE.
Ou seja, eu nem sei, mas calculo, que o orificio utilizado para a prática sexual destes dois "coisos" será o anus.
Como sempre utilizei o anus para evacuar (vulgo cagar) e biológicamente deveria ser a unica utilização para este orgão do corpo humano, penso ser (outros assim não pensarão) que é contra-natura a utilização do anus para a penetração do pénis do "marido". Porque é que este "designer" não fez, ou faz, uma operação plástica (agora já se faz tudo) e "evagina-se"?
Dou-vos a minha palavra de honra que não seria esta a melhor noticia que eu queria para colocar aqui neste blogue, ainda por cima, em vésperas de Natal. Eu sei. Será talvez demasiada "javardona". Mas achei isto tão... sei lá, caricato, tão.... (nem sei que termo utilizar) que certamente me irão desculpar.
No entanto não quero terminar sem uma pontinha de ironia.
Vejam o filme anexo retirado daqui
http://sorisomail.com/email/6268/noticia-duma-radio-espanhola-de-chorar-a-rir--lindooooooooo.html

Era disto que este designer precisava, ele e o "marido".
Toma e embrulha!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

ALARMANTE!




Não deixei de ficar indiferente à noticia que vos apresento.



Lisboa, 22 Dez (Lusa) - O número de desempregados inscritos nos centros de emprego em Portugal subiu 28,2 por cento em Novembro, face ao mesmo mês do ano passado, e aumentou 1,2 por cento face a Outubro, segundo os dados hoje divulgados.
De acordo com a informação mensal publicada pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), no final de Outubro, encontravam-se inscritos nos Centros de Emprego do Continente e das Regiões Autónomas 523.680 desempregados, mais 115.082 indivíduos do que há um ano atrás.
Face a Outubro, o aumento foi de 1,2 por cento, o que representa um acréscimo de 6.154 inscritos.

A taxa de desemprego em Portugal agravou-se para 9,8% no terceiro trimestre, contra 9,1% nos três meses anteriores, mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Entre Julho e Setembro o número de desempregados aumentou para 547,7 mil indivíduos, um acréscimo de 26,3% face a igual período de 2008 e uma subida de 7,9% na comparação com o trimestre anterior. A taxa de desemprego nas mulheres, que há um ano era de 9,1%, ultrapassou a barreira dos 10% em Setembro último, cifrando-se agora em 10,6%.O relatório do INE mostra que o Norte é a região mais atingida pelo problema do desemprego, com uma taxa de 11,6%. Lisboa, Alentejo e Algarve também apresentam taxas de desemprego superiores a 10%.



O mais engraçado, se a isso se pode chamar, são os comentários que se seguem....




labrego
Se houvesse um concurso internacional de estupidez, burocracia , complicaçao, falta de imaginaçao, terra de parolos etc .Portugal ganhava a medalha de ouro da area territorial com mais atrasados mentais por metro quadrado.




Peixoto
O desemprego vai disparar ainda mais em 2010 em Portugal pois a retoma nos paises industrialisados vai demorar e os mesmos paises vao certamente apostar mais nos seus recursos como é obvio para tentar travar a hemorrogia enquanto que Portugal e os seus dirigentes vao continuar na expectativa à espera.Continuamos a ser um pais de pasmoes estaticos. Os tempos que se avizinham vao ser muito dificeis.No entanto e como se sabe quem està bem no governo etc etc vai continuar na melhor.Enquanto que houver futebol (e o benfica ganhar ) e novelas na televisao a hegemonia do poder pode dormir tranquila.. Uma nova revoluçao 25 de abril para quando? Quando é que os portugueses vao abrir os olhos quando é que vao acordar ? A corrupçao quando é que termina ?




Alguém nos salve
Só vejo uma solução, nacionalizações das empresas, reduzir a maquinaria aumentando o trabalho manual. Claro que isto implica salários médios mais baixos, mas há mais trabalho. O estado fomentava a agricultura, cooperativas reactivadas, zonas interiores do país aproveitadas para a agricultura. Pescas reactivadas, aumentar a frota pesqueira, diminuir as cotas de pesca aos espanhois. Enfim aproveitar o k temos. A CEE fez de nós uns inválidos !


No blogue do Herminio escrito em Dezembro de 2005, com a devida vénia, transcrevo o seguinte:


Estes dias que antecedem a quadra Natalícia e que todos os portugueses gostariam que fosse festiva, mas a realidade é outra e uma grande parte da nossa população vive tempos muito difíceis e de grandes dificuldades. O dia a dia dos portugueses é marcado pelo desemprego, pela precariedade das relações laborais, pelo alastramento da pobreza, pela quebra de salários, pelas pensões de miséria, pelo aumento do custo de vida, pela incerteza no dia de amanhã, etc. Nesta época do ano somos «bombardeados» com uma publicidade da Banca que constantemente «convida» a aumentar o já enorme endividamento dos portugueses. Esta teoria, estratégica, visa acelerar o processo de centralização e concentração do capital e é insensível ao marasmo económico e à retracção do mercado. Sabemos que a situação de carência e empobrecimento de grandes camadas da nossa população impossibilita a procura interna e sendo assim a nossa economia não se pode reanimar e ultrapassar a situação de estagnação em que os sucessivos Governos têm mergulhado o país. Em vésperas das tradicionais festividades Natalícias os portugueses, que de uma forma abrupta se viram privados do seu posto de trabalho e consequentemente do seu sustento, vão viver estes dias com muita amargura e certamente pensando e responsabilizando os (des)governos deste país e os partidos que os têm apoiado e pela forma como se têm subjugado ao poder do grande capital e que têm contribuído para a degradação das suas vidas.

Boas Festas, Feliz Natal, Próspero Ano Novo

Faltam apenas dez minutos para as três da manhã. Hoje é terça feira dia 22 de Dezembro. Estamos quase a viver a noite "mágica" que celebra o nascimento do Jesus Menino. Mas... quem se lembra Dele? Nesta sociedade consumista e de despesismo, onde o € é a mais valia, em detrimentos dos valores anunciados de Paz, Amor, Fraternidade, Igualdade, Acolhimento, Verdade, Sentimento e Aproximação ao próximo, quem Dele se lembra? Ah e tal... mas eu vou à missa, eu bato com mão no peito, eu comungo, eu rezo.... Muito bem, digo eu, mas... e depois? Será que, esses mesmos que dizem que fazem o que atrás descrevo, no dia a dia levam a peito esses valores? Ou será que nem se lembram dos mais desportegidos, dos que nem uma casa têm para se abrigar, dos que não têm emprego, dos que não têm familia, dos que nem sequer têm uma sopa que lhes aqueça a alma? Bem querem eles saber disso! Querem é chegar a casa e banquetearem-se com as melhores iguarias que os espera em finas porcelanas. O perú recheado, o bom vinho, os melhores doces. A festa da Familia, dizem eles, esquecendo-se porém, que todos nós somos uma Familia e que temos de viver em sociedade. Mas disso eles não querem saber. E lá estão, junto do pinheiro, vilmente cortado, as inúmeras prendas, para filhos e netos, que custaram um dinheirão ( para eles não há crise) e este poderia servir para matar a fome a uma dúzia de desgraçados ( que também são filhos de Deus) ostracizados pela sociedade. A sociedade é injusta, eu sei, mas nada custa reduzir essa despesa para metade e dar a outra metade a quem necessita. Isso sim, seria o verdadeiro espiríto natalicio. As ruas ficarão vazias de pessoas mas repletas de automóveis parados junto a casas iluminadas. Lá dentro, o aquecimento das lareiras, dos ares condicionados, dos aquecedores a gás, fazem esquecer os que tiritam de frio debaixo de um vão de escada, ou dentro de um caixote de papelão, num recanto mais abrigado de um prédio de uma avenida qualquer. Esses não foram bafejados pla sorte. Nem querem ouvir falar do Natal. Não têm familia ou, se têm, essa nem quer saber deles. Prendas? Aquecimento? Ceia de Natal? O que é isso? Palavras vãs... para quem nasceu sem sorte na vida. E os que passam esta quadra hospitalizados? E os que, na ânsia de chegarem rápido junto dos seus ente queridos, vão ao encontro do Criador? Todos os anos as mesmas histórias, catastróficas. Sempre assim foi, sempre assim será. Então? Que pediste ao Pai Natal? Que foi que o Pai Natal te deu? Deixem-me rir... mas de tristeza...
Depois, como se não bastasse, daí a uns dias, a euforia da passagem de ano. Onde vais passar o ano? Á Nazare? Na praia? Ao Algarve? Aproveitando a "ponte"? Onde? Á Serra da Estrela? Com este frio e aquela neve? Ah pois... sim, sim... deve ser divertido. Olha... vai devagar, cuidado com o gelo e com os outros que andam depressa, os malucos... tem cuidado. Por mim, há muito que o faço, quedo-me sossegadissimo em casa, na passagem de um dia para outro. apenas e só isso. E fazem-se desejos que este (o próximo) ano seja bem melhor que o passado. Mas há quantos anos andam a desejar o impossivel? Desde quando o ano seguinte foi melhor que o anterior? Ah... desde que haja saúde, pois bem... E o resto? Saberás se até ao final do ano terás emprego? Terás dinheiro para pagar os estudos do teu filho? Para pagar a prestação da casa ou do carro? Mesmo para comprar comida para te alimentares?
Lá vem este agora com histórias de pessimismo e de derrotismo. Pois, pois... a quantos isso não aconteceu? E no entanto, há um ano riram-se e festejaram a tal passagem de ano ( que iria ser bem melhor). Está à vista. Empresas a fechar, desemprego a aumentar, a crise cada vez mais agudizada.
Confesso que não vejo o futuro com bons olhos. Já sei que preciso de óculos, aliás, já os utilizo. Mas como diria o meu bisavô Zé da Horta: Adeus Mundo, cada vez a pior... Daqui a um ano, se Deus nos der vida e saúde, aqui estaremos de novo ( se ainda tiver internet e computador) para analisarmos o que se passou em 2010.
Até lá, sinceramente, desejo que as minhas pobres palavras sejam a antítese do que o futuro nos reserva.
Bom e Santo Natal, e um fantástico e excelente ano de 2010 para todos. Que bom seria!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Primeira página

São duas e meia da manhã de dezasseis de Dezembro do ano da Graça de 2009. Escrever foi sempre um hábito adquirido. As palavras saiem-me ao sabor do pensamento, sem saber, concretamente, o porquê de ter tido a ideia de abrir um blogue, para escrevinhar algo que me venha à minha pobre mente. Escrevo vagamente... Vou escrever sobre o quê? A minha vida? O dia a dia? O que vai passando no Mundo? No meu País? Não sei... mas sei que algo me sairá da mente quase que de repente. Por exemplo, em vésperas da quadra festiva do Natal, sempre tão do agrado das crianças, também já o fui, mas que a mim já quase nada me diz. Talvez seja do aproximar dos cinquenta. A idade, quer-se queira ou não, conta... e de que maneira. Não, não me sinto velho, mas algo cansado. Talvez este blogue me faça reviver bons momentos passados. Dos tempos em que esse mesmo Natal era a festa da Familia. Sem consumismos. Muito agradável em convivio com Amigos em redor da mesa recheada de guloseimas. Recordo que os meus Pais, então com duas lojas no largo Vasco da Gama, uma drogaria e outra de loiças e plásticos, e o horário era até ás dezanove horas, chegavam cansados, quando o Natal era na noite de sábado, e mal tinham "pachorra" para esse repasto familiar. E se eu os compreendia, já que, também eu, fazia o que podia para os ajudar nessas tarefas comerciais, atrás dum balcão. Tempos que já não voltam. Agora reunem-se os familiares da minha esposa em casa da minha sogra. Sogra, mais três irmãos, os filhos dela e os sobrinhos, os netos, os sobrinhos-netos, os genros e a nora... contando bem, serão, sem exagero, uns quarenta. É muita gente num espaço quase diminuto. Conversas, histórias repetidas e que já conheço de ginjeira, risadas, as crianças numa roda viva... Nunca mais passei um Natal com a Minha Mãe. Ela compreende, mas deve ficar triste. A minha Mãe, depois de enviuvar, voltou a casar. É, a que eu considero, uma mulher de armas. Antes quebrar que torcer. Passa os dias de volta da máquina de costura Singer, já com alguns bons anos, e os seus trapinhos. Vai ganhando algum e toma conta da pequena lojinha com loiças, tapeçarias, colchões, gás.... enfim, vai-se entretendo. Vem aí o Natal, mais um que não vou passar com ela. Lá irei de novo, com a minha mulher e filhos, para casa da minha sogra. No meio daquela confusão, vai mais meio copo de tinto, a meio da tarde talvez a minha sobrinha Joaninha, com meses de idade, adormeça ao meu colo, ou sobre o meu peito. A noite cairá de mansinho e o frio, esse, sentir-se-à quando de regresso a casa, com os embrulhos, que então se distribuiram, desejoso de passar a porta azul, para, finalmente, sentir o calor emanado pelos aquecedores a gás, que entretanto ficaram a funcionar, e o sossego. Mais uns livros, uns cd's, umas peúgas, uns boxers.... É Natal. Se julgam que serei diferente por estarmos a viver esta quadra, enganam-se. Sou sempre o mesmo. Aprendi há muitos anos, talvez do tempo do Coral da Igreja Matriz, que não vale a pena a hipocrisia do sorriso forçado e do abraço fingido. É que, depois de tantos anos passados, ainda há quem os finja. Os que batem com a mão no peito e beijam o pé ao Menino, mas cá fora, depois de sairem da Igreja.... são uns fingidos. Não deve ser só aqui no meu Torrão. Há-os em toda a parte. Mas agora, para terminar, por hoje, o que eu queria mesmo no Natal era o mesmo que todos pedem, todos os anos, e voltamos a repetir, Paz, Compreensão, Trabalho, Saúde, algum Dinheiro, que se acabasse a fome, o desemprego e a guerra no Mundo e, já agora, que o Benfica ganhe ao FCP e que a Festa dos Toiros, na Catalunha, seja uma realidade histórica e cultural aos olhos dos politicos radicais do Parlamento Catalão. Penso ainda voltar antes do Natal, mas caso não aconteça, a todos os que me possam ler, um Santo e Feliz Natal para Todos.